sábado, 3 de novembro de 2012

PRIMEIRO CENTENÁRIO


 A CHEGADA DO COMBOIO À CIDADE DE PENAFIEL



Primeiro Centenário no Museu Municipal de Penafiel - 1912
A chegada do comboio a Penafiel estava próxima e era uma diligência puxada por dois cavalos que servia de transporte, para mais tarde ser substituída e suceder inicialmente ao trem e mais tarde á companhia de camionagem Cabanelas, hoje também extinta.
A referência na freguesia de Novelas e em Penafiel, dá sobretudo a conhecer belas paisagens, quer se tratem do Douro interior e do litoral a norte do Porto, que António Nobre conheceu na infância e na sua juventude.
Mostra da Dona Chocolateira junto á estação de Novelas- Penafiel
 Assegura também a permanência do seu nome, a do país e a passagem pela freguesia de Novelas que com tanta subtileza soube retratar, mas o poeta não assistia a tão histórico momento, falecendo a 18 de Março no ano de 1900. Mais tarde com o país estabilizado, vinha dar-se início á contenda da chegada do comboio a Penafiel com a entusiasta ideia do Dr. Cerqueira Magno em 1908, quando lança o caminho-de-ferro de Penafiel à Lixa, passando por Lousada e Felgueiras. 
Esta ideia foi abraçada por toda a população de Novelas e Lousada, uma vez que representava um grande melhoramento para o comércio, indústria e população dos concelhos por onde se projetou passar. È então que em 1912 chega o Comboio a Penafiel e um ano depois seria então inaugurado o caminho-de-ferro de Penafiel à Lixa – que levou á criação de maior oferta de emprego. Construída pela Companhia Auxiliar de Construções Ferroviárias – em via métrica, utilizando o leito da estrada, cruzava a Linha do Douro em Novelas/Penafiel e passava por cima da ponte no rio Sousa onde hoje ainda se encontram os carris.
Cais de reparação dos comboios no lugar da Companhia - Novelas
Foi o maior empreendimento realizado nesse século, vindo a viagem a custar quarenta réis, e neste ano começaram a partir daqui, a sobressair e registar-se algumas figuras notáveis ao longo dos tempos. Um tempo em que o grande desenvolvimento se vislumbrava na linha férrea do Douro. Em Novelas, junto á primitiva igreja, embora não existam registos precisos da sua data de construção, sabe-se no entanto que seria mais ao menos no mesmo ano que o cemitério da freguesia viria a ser construído.
Entretanto país estremece, proclamava-se no ano seguinte a implantação da república a 5 de Outubro de 1910, o medo apodera-se dos trabalhadores, em Novelas não havia ainda o transporte rodoviário, e a guerra parecia inevitável, estávamos com uma grande crise e necessariamente, teríamos que a enfrentar. O caminho-de-ferro era a ligação mais rápida da época.
Chegada do comboio às Termas de S. Vicente - meados de 1912.
No ano seguinte, mais propriamente a 8 de Novembro de 1913, é inaugurado o troço de comboio, Novelas a Lousada, a esperança renascia na evolução, mas de uma forma atribulada, pois tão lento e longo era o percurso por via-férrea, que a CP “concorria” consigo própria por estrada e começaram a aparecer em algumas estações serviço de camionagem “combinada” com a CP.
Uma combinação no mínimo curiosa. A camioneta esperava pelo comboio, mas este, porém não esperava por ela. Raio de combinação! Para Guimarães, por exemplo via larga, terceira classe até Caíde de Rei, no entanto a camioneta de passageiros ou autocarro com designação mais moderna – classe única até Felgueiras e depois ainda outra até Guimarães. Tempo duvidoso, em que tudo parecia enigmático, ano após ano construía-se numa constante dúvida, esperando o rebentamento da primeira grande guerra que acabou por acontecer em 1914.
 A maioria dos países beligerantes, acredita que seria breve, o que fazia com que duas companhias diferentes, gozassem a concessão desse trajeto, embora a diligência servisse sempre como particular e alternativa às três situações. O caso do projeto da Companhia dos Caminho-de-ferro do Norte de Portugal não foi concretizado até porque se fosse, poderia ter sido para Guimarães via reduzida, terceira classe, por Amarante, Arco de Baúlhe, Fafe e Guimarães.
Como este projeto falhou, outros ainda haveriam de falhar, e o melhor era ter automóvel, primeira classe, para evitar aquelas mudanças consecutivas de meios de transporte ou transbordos do mesmo. Em 1916, dada a crise da I Guerra Mundial, a Companhia começava a atravessar um período difícil em que os frequentes acidentes na via-férrea, punham em risco a sua existência.
Comboio junto à Assembleia Municipal - 1912
Regista-se então em 1918, pela segunda vez graves dificuldades em Novelas, apesar do comboio a vapor continuar a circular a iniciativa e adesão popular onde a população de Novelas aí trabalhou, parecia esmorecer. No ano seguinte, a conjuntura política nacional e internacional, conjuntamente com a circulação rodoviária de pesados que se intensificara nessa época, dá a machadada final no futuro da Companhia dos caminho-de-ferro. Novelas, volta a mostrar grandes dificuldades, por decisão governamental a linha tinha encerrado, e por ordem do Ministério do Comércio, mais tarde, a partir do dia 2 de Março de 1931 os carris começaram a ser levantados. Durante sete anos, as dificuldades aumentaram, muitos ficaram pelo caminho, e a freguesia já contava com 161 fogos e 703 habitantes.
Comboio entre os plátamos no Cruzamento de Louredo - Av. Pedro Guedes
Um novo ano se avizinhava e em 1931 a Junta de freguesia de Novelas era substituída e o número de elementos reforçado. Presidente – António da Rocha Mello Vogais – Januário Pereira da Fonseca e Manuel de Souza Fernandes. Secretários – José Vieira Pinto e António Maria Domingues Fonseca. Este executivo, viu a opressão a apertar, o primeiro estudante branco a tombar morto pela PSP durante uma manifestação no Porto. Sentiu-se debilitado, sofreu as amarguras da I Guerra Mundial e viu morrer também neste mesmo ano a concretização do sonho e da passagem do comboio Penafiel à Lixa e Entre-os-Rios.
O comboio chega a Entre-os-Rios - 1913
Foi na realidade um executivo que passou momentos difíceis, ficou marcado desiludido e arrasado. Carinhosamente apelidado de «Dona Joaquina» ou «Dona Chocolateira», tinha nascido de uma ideia no tempo da monarquia, vivido durante a 1ª República e era extinto nesse mesmo ano.
Ah! Não me diga que concorda comigo! Quando as pessoas concordam comigo, tenho sempre a impressão de que estou errado. 

 
Novelas 3 de Novembro de 2012.


 





Sem comentários:

Enviar um comentário