sexta-feira, 19 de outubro de 2012

LEMBRAR ADRIANO

BIBLIOTECA MUNICIPAL DE PENAFIEL
      Em mais um aniversário da morte de Adriano Correia de Oliveira, a Biblioteca Municipal de Penafiel, levou a efeito a Homenagem ao verdadeiro amante da liberdade.
        Carlos Andrade, José Silva e João Teixeira foram os convidados para homenagearem e apresentarem o espectáculo «Lembrar Adriano».
ADRIANO CORREIA DE OLIVEIRA

      Já todos nós ouvimos o provérbio: “Muito bem se canta na Sé, mas é para quem é”. Ora, este “dito” ajusta-se perfeitamente à figura que, hoje, queremos lembrar. Aquela voz bonita de Adriano Correia de Oliveira não podia deixar de cantar na Sé. E cantou! Cantou na Sé e por toda a parte.
      Adriano Correia de Oliveira muito embora seja tido como Avintense, em boa verdade, nasceu na Rua Formosa, na cidade do Porto, em 9 de Abril de 1942. Chegou a Coimbra apenas com dezassete anos, para frequentar o curso de Direito, na Universidade.
      Com o entusiasmo próprio dos dezassete anos, logo começou a frequentar as tertúlias académicas, a boémia coimbrã e facilmente entra nos movimentos estudantis.
     De uma vivacidade natural e com uma voz lindíssima, depressa se torna o menino bonito do Orfeão Académico.
      Canta o fado (o fado tradicional de Coimbra), gravando um ou dois discos. Entretanto, a este tempo, em Coimbra, sentiam-se já os ventos de mudança que sopravam.
      José Afonso, que na década anterior fora um dos mais apreciados cantores do fado de Coimbra, andava, agora, por lá, de viola em punho, a cantar uma espécie de cantiga trovadoresca, que rompia com a praxe e a tradição Coimbrã. Era uma cantiga nova, que exaltava e servia os ímpetos libertários que, àquele tempo, fervilhavam e uniam os movimentos estudantis.
      Adriano Correia de Oliveira não se fez rogado.     Logo se entregou de alma e coração a essa nova corrente musical, a esse novo movimento, a essa nova causa. E surgem, então, as mais bonitas trovas que a época produziu; lembremos, por exemplo, «A trova do vento que passa».
 
      Cultiva a cantiga de intervenção e, verdadeiro amante da liberdade, anda por todo o lado, a par com outros cantores, a denunciar a repressão e a prepotência. 
      Insurge-se contra a guerra no Ultramar e ouvimo-lo, então, cantar “Menina dos olhos tristes”.
      Embrenhou-se também na recolha, selecção e gravação de cantigas do nosso folclore, quer do Continente quer dos Açores e deixa-nos «Morte que mataste Lira».
      Muito novo ainda, no auge da sua capacidade criadora, é acometido de uma doença imparável. Morre aos quarenta anos, no dia 16 de Outubro de 1982.
      Adriano Correia de Oliveira cantou poesia. Não sei se escreveu algum poema. 
      Mas a sua vida, todavia, é a mais eloquente prova de que a melhor poesia não é a que se escreve é a que se vive.
 
Novelas 19 de Outubro de 2012.


 



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