domingo, 18 de março de 2012

ANTÓNIO NOBRE

EM SUA HOMENAGEM!
 

       Imagino hoje personalidades que muito admiro, que pisaram o sublime chão onde nasci, desaparecendo ao longo dos dias, dos anos e dos séculos. Nobre foi admirável! 
      “Às vezes, passo horas inteiras...e jornadeio em fantasia essas jornadas que eu fazia ao velho Douro, mais meu Pai”; [Viagens na Minha Terra].
        Quem não conhece António Nobre!



    Personalidade que trilhou exactamente o mesmo solo, os mesmos caminhos, passou pelos mesmos percursos, e tal como outros deixaram-nos apenas com o seu conhecimento, as suas mensagens, as suas escritas e os seus pensamentos.
Eu sonhava que esta era a minha aldeia!
“E, na subida de Novelas, o rubro e gordo Cabanelas, dava-me as guias para a mão: Isso... queriam os cavalos! Que eu não podia chicoteá-los... Era uma dor de coração"; [Viagens na Minha Terra].
 
 
 
É certo que a ganância de uns, a campanha pela importância de outros não reza à história.
    De uma forma sublime como quem passa despercebido sem nunca se preocupar com o que pensavam os outros, estas figuras sobressaíram e ganharam um peso tão grande, que quase se pode dizer que alguns até viveram na sua sombra...
A empresa de Cabanelas ganhava forma com a famosa diligência a cavalos, mesmo aqui ao lado, a par com a antiga estação de Novelas, onde "olhos fitos nestas traseiras, sonhando o tempo que lá vai..."; [Viagens na Minha Terra].
Foi realmente este o Escritor português que mais me fascinou!


António Nobre nasceu em 1886, no Porto, a dezasseis de Agosto de mil oitocentos e sessenta e sete, produto de velhas Famílias de Entre – Douro – e – Minho.
Na biografia apresentada por Mário Cláudio, confirma-se o quinto filho do casal Pereira Nobre, o poeta “decorrerá a sua infância e adolescência, sob o signo do intimismo pequeno – burguês, entre a baixa da capital do norte e os campos dos arredores de Penafiel e da Lixa.

 

Votado a uma instrução primária de cunho eclesiástico, empreendida por mestre que reproduzem os princípios da rigidez e da afabilidade, eis que começará a contemplar o seu retrato, num contexto onde se entronizam os ícones dos manes ancestrais…
Em mil oitocentos e oitenta e oito, parte António Nobre para Coimbra, a fim de frequentar o primeiro ano do curso de direito. Nesse espaço geográfico, que profundamente o marcará veremos o poeta descobrir um contexto universitário caracterizado, ainda, pelo escolaticismo medieval, se bem que segregador de uma admirável camaradagem de afectos e de letras. E, entre as aulas, nos gerais, a que assiste, algo distraído da lição doas lentes e dos compêndios, e uma certa boémia, que o há-de arrastar por melancolias e patuscadas, começará ele a erguer o corpo de um imaginário que irá resumir-se, a breve trecho, num tecido de linhas escritas a tinta negra.
Depois de várias viagens á aldeia do Seixo ora passando por Novelas onde o Gordo e rubro do Cabanelas lhe dava as guias para a mão; [Viagens na Minha Terra] / António Nobre; ora por entre os Rios, onde era esperado nas termas ou até em Caíde a caminho da sua  casa no lugar do Seixo, espelhada realmente como um sitio muito saudável, com pinheiros, água admirável, e um ar deliciosos, dizia: “Tenho fé nele e em Deus.”
 O agravamento de uma infecção pulmonar de que vinha padecendo, com várias intermitências, determinará a partida do poeta, a conselho médico.
António Nobre inicia o calvário do Doente de tísica, em busca da saúde que lhe é negada continuamente atento aos sintomas que revela, ora confiante, ora desanimado, num espaço onde a brancura, da neve e dos sanatórios, constitui o austero e signo dominante.
No ano de mil e novecentos preparado para a partida veio ao colo para o carro que o conduzia à estação de Caíde, onde o Dr. Aníbal Louzada o esperava para acompanhar…
 Sempre calmo, resignado, sem uma queixa, encobrindo o seu desanimo para que não perdessem  as esperanças assim iam passando os dias…

 Após brevíssima temporada, no seixo, debilitado como nunca, instala-se, na Foz do Douro, na residência do seu irmão Augusto.
Ao raiar da manhã de dezoito de Março de mil novecentos, muito serenamente, e defronte do oceano, “Sentado junto da cama. Disse passados momentos, que se sentia muito mal e que ia morrer.
E sem que lhe notasse qualquer sintoma de agonia, ele, que estava sentado na cama, recostado em almofadas, inclinou-se em mim, abraçou-me, e assim ficou”; Foram estas as recordações de Augusto Nobre.
A Noticia o Comércio do Porto a vinte e um do mesmo mês e ano, reporta o seu falecimento, servindo-se dos habituais lugares – comuns, na absoluta inconsciência de uma grande perda.
A morte de um dos maiores poetas portugueses de sempre.

Novelas 18 de Março de 2012

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